domingo, 9 de fevereiro de 2014

A tempestade do amor

Hoje tive a oportunidade de desfrutar de uma caminhada numa calçada romana, que se prostra por entre matos e campos, durante a tempestade. Este foi o resultado:
O vento bate forte nas árvores e elas gingam, dançam e balançam harmonicamente num espetáculo grandioso. Eu paro junto de uma árvore e digo-lhe “Olá querida!”. Ela responde “Olá Danny, estou tão contente por me teres vindo visitar!”. “Eu também estou muito contente por te ver!” digo eu. Um abraço acontece…
Ao caminhar pela calçada observo o vento a bater nas ervas dos campos, que se transformam num lindo oceano verde. Eu sinto uma ligação forte a essas plantas, amo-as e sei que elas me amam também.
Sei que os grandes mestres caminham a meu lado: Jesus, Buda… toda a Humanidade caminha também junto comigo.
Olho para as pedras da calçada e agradeço-lhes por me servirem de chão. Elas sorriem de volta para mim.
Quase no fim da caminhada observo o rio… a água corre rápido, tem muita vontade de chegar ao mar… não seremos nós também como pequenas gotinhas de água num rio, ansiosas por chegar ao grande oceano?

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Onde está Deus?

Havia um homem, possuidor de grande cultura e inteligência, que desde pequeno sonhava encontrar Deus. Certo dia partiu para a montanha mais alta do planeta convencido que no topo haveria de encontra-Lo. Caminhou, enfrentou neve e tempestades até que finalmente chegou ao cume. Qual foi a sua deceção: Deus não estava lá.
Se Deus não estava na montanha, talvez pudesse ser encontrado nos livros, afinal de contas havia tantos livros escritos sobre Ele. Leu livros e livros, dos sagrados aos profanos, dos versos às prosas mas acabou por desistir: Deus também não estava na literatura.
Olhou então para o espaço… talvez Deus se escondesse por entre os planetas, galáxias e nebulosas. Comprou um telescópio e procurou, falou com astrónomos, leu livros sobre astronomia… infelizmente todo o esforço não deu em nada porque Deus não estava no espaço.
Se Deus não estava no infinitamente grande, talvez estivesse no infinitamente pequeno… então procurou por entre os quarks, átomos e moléculas, conheceu os mistérios da física quântica, procurou em todas as fontes, todos os livros mas… também não O encontrou.
Após todas estas buscas sentiu-se cansado e frustrado… “Deus não está em lado nenhum… talvez não exista” pensava ele. Então, um dia, embalado pela sua frustração sentou-se no sofá de sua casa e fechou os olhos. Veio o silêncio, que de minuto a minuto se tornava mais profundo. Começou a sentir uma clareza de espirito e uma paz que nunca tinha sentido antes e, num instante, vislumbrou o que vinha à tanto tempo procurando: Deus em toda a sua glória! Havia procurado em tantos sítios e nunca se tinha lembrado de procurar naquele lugar… Deus estava dentro dele!

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Amor

“Dai de comer a quem tem fome e de beber a quem tem sede”. Frase simples mas incrivelmente sábia de Jesus Cristo!
Quando vemos um sem-abrigo e lhe damos uma moeda sentimos uma espécie de alivio na consciência, pensando: “Pelo menos vai ter algo para comer e beber…”. Porém, será que verdadeiramente lhe matamos a fome e a sede? Não estará o espirito dessa pessoa mais faminto e sedento do que o corpo? Claro! Devemos dar-lhe a comer o pão do nosso amor e a beber o néctar da nossa compaixão, na forma de um sorriso, um abraço ou de uma conversa amiga e desta forma estaremos a ser completamente fiéis à nossa consciência.
Que o amor entre os homens cresça como uma avalanche e inunde o coração de todos. Que assim seja!

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Pensamento

As pessoas são formatadas pela sociedade: a escola, as religiões, os media, as famílias, os amigos e conhecidos... todos nos dizem como devemos entender o mundo e como devemos ser. Deste modo condicionam, impõem limites ao espírito humano que, na sua forma original, é livre e vasto. O nosso mundo torna-se cada vez mais pequeno... A obrigação de obedecer aos condicionalismos sociais entranha-se de tal forma que nos tornamos escravos dos outros e perdemos a nossa liberdade interior. O Homem criativo, original e espontâneo é substituído pelo homem máquina, distante e triste. 
Quebremos as nossas amarras, refundemos a nossa liberdade e um sol radiante iluminará as nossas vidas!

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Poema de Ngulchu Thogme

Se este corpo ilusório, que acredito ser meu, está doente, deixa-o ficar doente!
Esta doença permite-me purgar
O mau karma que acumulei no passado,
E as obras espirituais que posso então realizar
Ajudam-me a purificar os dois tipos de véus.

Se eu estiver bem de saúde, sou feliz,
Porque, quando o meu corpo e mente estão bem
Eu posso melhorar a minha prática espiritual,
E dar sentido real à existência humana
Ao virar o meu corpo, discurso e mente para a virtude.

Se sou pobre, sou feliz,
Porque não tenho nenhuma riqueza para proteger,
E eu sei que todos os problemas e animosidade
Brotam das sementes da ganância e do apego.

Se sou rico, sou feliz,
Porque com a minha riqueza eu posso fazer mais ações positivas,
E tanto a felicidade temporária, quanto a final
São o resultado de atos meritórios.

Se eu morrer em breve, é excelente,
Porque, assistido por um bom potencial, estou confiante que
Vou entrar no caminho inequívoco
Antes de qualquer obstáculo poder intervir.

Se viver por muito tempo, sou feliz,
Porque sem me despedir da chuva benéfica e quente das instruções espirituais
Eu posso, por um longo tempo, amadurecer completamente
A colheita das experiências interiores.

Portanto, aconteça o que acontecer, vou ser feliz!

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

As dimensões do pensamento político

O pensamento político é normalmente concebido de forma unidimensional. É como uma reta em que definimos o zero e depois só podemos andar para a direita ou para a esquerda… é, portanto um pensamento limitado. Há quem consiga ver para além da dicotomia – direita, esquerda – mas mantenha a ideia de que só há uma maneira de organização social. Chamo a esta forma o pensamento bidimensional. Porém, tal como na realidade física, também na realidade mental não é possível haver um salto sem uma terceira dimensão. São precisamente os saltos que proporcionam a criatividade, já que esta não obedece a uma evolução linear. A boa atividade política precisa de criatividade… Seguindo esta linha de pensamento sou forçado a concluir que a liberdade politica tem infinitas dimensões, tantas quantas as dimensões do espirito humano. Portanto, a limitação da atividade política é apenas definida em função da limitação do pensamento de quem a concebe.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Osho - O rio poluído*

Certo dia o primeiro-ministro da India foi visitar a cidade onde Osho morava. Existia um rio que atravessava a cidade que estava transformado num autêntico esgoto a céu aberto. Para chegar ao sítio pretendido o primeiro-ministro e a sua comitiva tiveram que atravessar o rio através de uma ponte que estava a ser decorada com flores de mogra cujo odor intenso se sobrepunha ao cheiro nauseabundo. Ao passar naquele local o primeiro-ministro não faria ideia da existência de toda aquela imundice…
No momento em que o primeiro-ministro ia a atravessar o rio, eis que Osho irrompe à frente do seu carro e o instiga a ver com os seus próprios olhos a nojice daquele local. O primeiro-ministro ficou escandalizado e repreendeu fortemente o presidente da câmara bem como outras autoridades locais…
Moral da história: Mais uma história sobre a incompetência dos políticos? – Não! É uma analogia… o rio poluído pode representar cada um de nós ou toda a sociedade até. Não andamos sujos no sentido literal do termo, mas carregamos a sujidade do preconceito, o cheiro nauseabundo do desprezo e as manchas negras do ódio... Mascaramos tudo com flores, mas a sujidade continua lá, é só uma ilusão! Limpemos cada um o nosso rio e veremos como flui bonito, vasto e sereno!


*Esta história consta, por outras palavras, no livro "Perigo: Verdade" de Osho.